A sua história:
Desde o inicio da gravidez da Maria do Céu que foi colocada a hipótese de o Zezinho sofrer de Trissomia 21. Desta maneira foi realizado um teste de ADN fetal, que consiste num exame onde se realiza a avaliação do liquido amniótico, pretendendo rastrear diversos problemas de saúde que o bebé possa ter após a nascença ou durante a própria gravidez. Apesar de ser bastante útil, este exame não é indicado para todas as grávidas, por ser um exame bastante invasivo. No entanto, numa altura ainda bastante precoce o exame foi realizado, tendo sido concluído que o Zézinho não era portador de nenhuma doença mas que a sua placenta é que era portadora dessa mesma trissomia, não resultando perigo nenhum para o bebé. De seguida, a Maria do Céu sofreu uma ruptura na bolsa amniótica, o que a levou a perder um pouco de liquido, no entanto nada que fosse alarmante, até porque o próprio bebé acabou por “prender” e consecutivamente “fechar” o buraco.
Chegou então o dia tão esperado. Maria do Céu ia a uma simples consulta de rotina, quando foi informada que o bebé estaria a poucas horas de nascer. Desde de que deu entrada no hospital começaram as divergências, cada médico tinha uma opinião diferente sobre a situação da Maria do Céu, uns diziam que o bebé tinha que nascer rápido, outros diziam que se deveria esperar mais tempo.
Como a maior parte dos pais, a Maria do Céu e o José frequentaram diversas aulas de preparação de parto, onde foram ensinados a estar atentos às máquinas que estão presentes na sala e a saber de que x valor não deveria ser apresentado na cardiotocografia. No trabalho de parto, a monitorização fetal costuma repetir-se a cada meia hora. Mas, se as circunstâncias assim o exigirem, a medição pode realizar-se de maneira contínua. Algumas maternidades preferem este método à partida para poder atuar de imediato no caso de se detetar sofrimento fetal. Tanto a Maria do Céu como o José repararam que o valor apresentado na cardiotocografia não estava dentro dos valores considerados normais, avisando assim os diversos médicos presentes na sala para estarem atentos a esse factor, tendo sido ignorados pelos mesmos.
O tempo passa e o sofrimento continua, o Zézinho precisava de nascer mas não conseguia, estava a ser asfixiado e estava sob muita dores. Mais uma vez, os pais relembraram os médicos de que o valor da cardiotocografia não estava correcto, sendo significativamente mais alto do que o normal, indicando um sofrimento constante e elevado do feto. Maria do Céu foi transportada até á sala de operações para realizar uma cesariana. Mal olhou para o bebé percebeu que alguma coisa estaria errada, a forma da sua cabeça era bastante irregular, apresentava a forma de um cone (deformação ainda notória na cabeça do Zézinho até o dia de hoje). Tinha sido colocado um gorro na cabeça, para que essa deformação não fosse chocante para os pais, foi-lhes dito que estaria tudo bem, que a deformação seria apenas da pressão do útero e que iria ficar tudo bem.
Logo de seguida, o Zézinho foi para a ala da Neonatologia, o principal objetivo da Unidade de Neonatologia é solucionar com segurança os problemas adaptativos dos recém-nascidos saudáveis, em escala de complexidade crescente, desde a promoção dos cuidados gerais até ao tratamento de recém-nascidos prematuros ou gravemente doentes. Na unidade foram avisados que o Zézinho tinha cerca de 80% por cérebro lesado, o cérebro do Zézinho matava-se aos poucos, como tal foi induzido em coma. Mesmo durante o coma, o Zézinho ia acordando, ia reagindo perante algumas interações. Depois de 3 dias em coma, o Zézinho acordou definitivamente e foi batizado no próprio hospital, caso não sobrevivesse.
Todas estes acontecimentos os trouxeram até á sua situação actual. Com a ajuda de advogados e médicos, os pais do Zezinho reuniram todos os documentos para ir a tribunal afirmando que o estado do Zézinho se devia a negligência médica. No entanto, apesar de terem provas irrefutáveis, acabam por desistir da acção judicial. Tomaram a decisão de não gastar energia e dinheiro a lutar na Justiça Portuguesa, e aplicaram-se sim a tratar do Zézinho e tentar tornar a sua vida o mais confortável possível.
Uma das partes do cérebro do Zézinho que não sofreu muitas alterações foi o seu córtex, pois uma das poucas certezas que se tem sobre o funcionamento do Zézinho é que este tem memórias guardadas, memórias essas que voltam para o atormentar em momentos de stress (como operações), momentos em que o Zézinho tem ataques de pânico com o simples barulhos das máquinas que o rodeiam.
Hoje o Zézinho é um menino feliz, a sua família não desiste e luta diariamente para lhe proporcionar uma vida o mais normal, dentro dos possíveis.
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Maria do Céu (Mãe do Zezinho): 91 400 78 29.